Capítulo 4: Mesmo sem primavera, Ele me fez florir

Entre secas e tempestades, eu floresci… Porque o Jardineiro não desistiu de mim. “

Houve um tempo em que a vida parecia um deserto que não tinha fim.
O chão rachado, a alma seca, e o coração — um terreno abandonado por promessas que não vingaram.

Eu era uma menina com sonhos grandes, mas com feridas maiores.
Carregava nos ombros o peso do que me aconteceu,
e no peito, a vergonha do que eu me tornei.
Fui ferida ainda criança, quando a inocência deveria ser um abrigo.
Cresci em uma juventude pobre, aprendendo a sobreviver antes de aprender a viver.

A vida parecia sempre dura demais, e eu me tornei dura também.
Aos vinte, já era mãe — tentando dar amor num mundo que não tinha me ensinado a recebê-lo.
E entre um recomeço e outro, fui colecionando ruínas:
relacionamentos quebrados, corações partidos,
e uma fé que se perdeu no meio do caminho.

Acreditei que tinha encontrado o amor da minha vida, a família perfeita, o “felizes para sempre”
Mas o castelo caiu.
E com ele, caiu também a mulher que eu achava ser.
O divórcio me desfez em pedaços.
A depressão me tomou o ar.
Perdi o emprego, o rumo, o brilho — e por um tempo, a vontade de existir.
No espelho, eu não reconhecia mais quem via.
Era só uma sombra, cansada de tentar parecer forte.

E foi ali, no chão do deserto, que o Céu me encontrou.
Não quando eu venci, mas quando eu desisti.
Quando não sobrou força, nem orgulho, nem planos.
Só o eco de uma alma cansada dizendo:
“Deus, se ainda há algo em mim… faz florescer.”
E Ele fez.

Não de um dia pro outro. Não com barulho, nem aplausos.
Mas em silêncio — como quem rega o invisível.
Cada lágrima virou gota. Cada dor virou adubo.
E aquilo que parecia o fim, era só o início de um novo florescer.

Hoje eu sei: não foi a minha força que me trouxe até aqui.
Porque todas as vezes que confiei no meu próprio braço, eu caí.
Todas as vezes que quis controlar, eu me perdi.

Mas todas as vezes que confiei e descansei em Deus,
Ele fez brotar vida no meio do caos.

As secas me ensinaram dependência.
As tempestades me ensinaram fé.
E o deserto — ah, o deserto — me ensinou a ouvir o silêncio de Deus e ainda assim acreditar. 

“O deserto e a terra seca se alegrarão; o ermo exultará e florescerá como a rosa. Florescerá abundantemente e também regozijará de alegria e cântico (…)”
— Isaías 35:1-2

Reflexão final ✨️
Nem todas as flores nascem na primavera.
Algumas nascem no inverno da alma
quando ninguém espera, quando tudo parece morto.

Eu sou uma dessas flores.
Nasci no meio da dor, regada por lágrimas, sustentada pela graça.
E se hoje há beleza em mim, é porque um dia o Jardineiro decidiu não desistir do meu jardim.
Mesmo sem primavera… Ele me fez florir.

Pamela Martins

“Cada testemunho compartilhado aqui conta um pouco de mim e muito de Deus.
Espero que aquilo que um dia me feriu, sirva de cura para quem ler, e que cada palavra escrita com dor, floresça em consolo, esperança e recomeço.”

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