“Mas Deus devolve a voz, quando o coração se rende.”
Existem dores que não sangram por fora,
mas deixam cicatrizes profundas na alma.
Durante anos, eu carreguei uma lembrança que insistia em se esconder atrás do silêncio
— como se, ao não falar, eu pudesse fazer de conta que nunca aconteceu.
Eu era apenas uma menina,
e o lugar que deveria ser seguro se tornou o palco de uma confusão
que minha mente infantil não sabia nomear.
Não houve violência explícita, mas houve invasão.
Não houve grito, mas houve medo.
E por muito tempo, eu achei que o erro era meu.
Cresci acreditando que talvez eu tivesse provocado.
Que talvez eu tivesse permitido.
Que talvez eu tivesse merecido.
E essas palavras — provocar, permitir, merecer —
se tornaram algemas invisíveis que moldaram a mulher que eu me tornei.
Eu aprendi a agradar pra ser aceita.
A dizer “sim” pra não ser rejeitada.
A achar que o amor só vinha quando eu me anulava.
E, sem perceber, repeti o padrão de quem um dia foi violada sem entender o que era violação.
Demorou anos — e um encontro real com Deus —
para eu entender que aquilo não foi culpa minha.
Que uma criança nunca “aceita”.
Que o silêncio não é consentimento.
E que o toque que fere nunca será carinho.
Foi o amor de Deus que me devolveu a pureza que eu achava ter perdido.
Foi Ele quem me ensinou que inocência não é ausência de passado,
é restauração de identidade.
Quando eu deixei Deus entrar nesse quarto escuro da minha história,
Ele não veio com acusações, veio com luz.
E pela primeira vez, eu não senti vergonha.
Eu senti paz.
Hoje eu sei: o que o inimigo tentou usar pra distorcer a minha imagem,
Deus usou pra revelar o Seu amor.
Eu aprendi a dizer “não” sem culpa,
a impor limites sem medo, a me respeitar sem me odiar.
Aprendi que o corpo é templo,
e que o coração, quando habitado por Deus, volta a florescer
— mesmo depois de ter sido pisado.
“O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido.”
— Salmo 34:18
Reflexão Final ✨️
A culpa não era sua.
Nunca foi.
E a menina que um dia se calou agora tem voz.
Não para gritar dor, mas para anunciar cura.
Porque Deus não desperdiça lágrimas
Ele as rega até que nasça vida.
O que era ferida, virou testemunho.
O que era vergonha, virou libertação.
E o que o inimigo tentou usar pra calar,
Deus usou pra florescer.
Mas entenda, Deus não cura o que você cala.
Ele só cura o que você entrega.
Lindo