“Quando Deus esvazia o velho para derramar o novo e eterno.”
Há palavras que não apenas nos tocam — nos atravessam.
E foi isso que aconteceu comigo em um congresso que participei recentemente na igreja,
cujo tema era “Vinho Novo em Odres Novos”.
Foi um momento em que o Espírito falou em sussurros e rasgos
e eu entendi que o novo de Deus não vem quando tudo muda ao redor,
mas quando algo morre dentro da gente.
Uma das ministrações dizia que:
Nada do que vivemos é pra nós — tudo é pro Reino.
E eu chorei.
Porque reconheci em cada cicatriz da minha história
a marca de um propósito maior.
O deserto, a dor, as perdas, os recomeços — nada foi em vão.
Cada ferida era aula. Cada lágrima, um preparo.
Tudo o que vivi foi Deus me ensinando
a transformar feridas em ministério,
dor em autoridade, caos em testemunho.
Outra parte da pregação dizia:
“É fácil amar o que é amável e entregar o que sobra.
Mas o que Deus quer é o que nos custa.”
E essa frase me desnudou.
Quantas vezes ofereci a Deus o que me sobrava
o tempo cansado, a fé trêmula, o resto do amor.
Mas o altar não é lugar de sobras — é lugar de entrega total.
“Eis que faço uma coisa nova; agora brota, não a percebeis?
Eis que porei um caminho no deserto e rios no ermo.”
— Isaías 43:19
Ah, como esse versículo me encontrou.
Rios no ermo — o novo brotando onde nada mais parecia fértil.
E foi assim comigo.
Eu era um odre velho:
rachado de dores, pesado de culpas, cheio de hábitos e pensamentos que me aprisionavam.
Mas o Espírito começou a me chamar pra longe das mesas que já não me cabiam.
E quando eu disse “sim”, algo em mim começou a morrer
e, ao mesmo tempo, a nascer.
Porque algumas bênçãos Deus derrama de uma vez,
como um transbordar súbito.
Mas outras Ele constrói em silêncio, gota a gota,
pra nos ensinar a suportar o processo.
E foi nesse processo que Ele me fez entender,
há prisões que não têm grades — têm pensamentos.
Há pecados que não são escândalos — são hábitos.
Há desertos que não são castigo — são convites para recomeçar.
E nesse congresso eu aprendi uma lição valiosa,
descrita em Efésios 4:20-24,
Em que Paulo, descreve as três atitudes para se tornar um odre novo:
Coragem — para romper com o velho, pra ir na contramão do mundo e da própria carne.
Submissão — para deixar o Espírito operar a renovação que sozinhos não conseguimos.
Mudança de postura — para exalar Cristo em essência, e não só em discurso.
E foi exatamente isso que vivi.
Quando decidi confessar pecados escondidos,
renunciar vícios de estimação
e levantar de mesas que me afastavam de Deus,
senti o peso do odre velho se romper
e o vinho novo começou a descer.
Os capítulos nasceram, esse blog finalmente floresceu
e tudo fluiu com uma leveza que só o Espírito pode gerar.
Porque quando a gente se entrega,
Deus não conserta — Deus recria.
Ele não costura pedaços do velho odre;
Ele faz novo vaso, novo coração, nova mulher.
“E ninguém põe vinho novo em odres velhos;
do contrário, o vinho romperá os odres e se derramará, e os odres se perderão.
Mas põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam.”
— Lucas 5:37-38
Reflexão Final ✨
O vinho novo não é sobre abundância, é sobre renovação.
Não é sobre receber, é sobre se esvaziar.
Não é sobre Deus mudar o que está fora, mas o que está dentro.
Deus não despeja o novo em corações rachados.
Ele primeiro cura, limpa, e só então derrama.
E se você sente que está sendo quebrada,
talvez não seja o fim, seja o início da sua reconstrução.
Porque todo odre que se deixa esvaziar por completo,
um dia transborda o vinho mais puro que o céu já fez.