Capítulo 18 — Quando precisamos contar nosso testemunho para nós mesmos

“Para lembrar o abismo de onde fui resgatada e o colo onde fui colocada, como filha.”

“Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum dos seus benefícios.”
— Salmos 103:2


Às vezes, a gente precisa contar o próprio testemunho para si mesmo.
Não pra se vangloriar — mas pra lembrar de onde Deus nos tirou.

Eu faço isso.
Fecho os olhos e me vejo lá,
naquele lamaçal de pecado,
onde eu estava afundada, perdida,
longe de tudo que Deus tinha sonhado pra mim
e até do que eu mesma tinha planejado.

Um lugar escuro, frio, sem graça, sem luz…
e, aos olhos humanos, sem saída.

Mas Ele foi até lá.
Não mandou recado,
não terceirizou o resgate.
Ele mesmo desceu, me encontrou,
me limpou, me levantou e me vestiu de novo.
Me deu sandálias novas, uma aliança e uma identidade de filha.

E mesmo agora, ainda sendo forjada,
ainda tropeçando, ainda enfrentando as aflições que Ele mesmo prometeu,
sinto a presença constante que também foi prometida.
Porque Ele nunca disse que seria fácil.
Disse que estaria junto. E isso muda tudo.

“(…) no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo,
eu venci o mundo.”
— João 16:33


E certas vezes eu até rio e faço piada,
lembrando dos absurdos que vivi quando estava longe de Deus.
As decisões impensadas, os lugares perigosos onde me coloquei,
as situações em que o inimigo quase conseguiu me destruir.

E mesmo ali, nos meus piores dias, a mão d’Ele estava lá
me livrando de perigos que eu nem percebia,
guardando minha vida quando eu mesma já a colocava em risco.

Porque quando há propósito,
a graça protege até quem ainda não entendeu o valor dela.

E mesmo eu dando a Deus, incontáveis motivos para desistir de mim.
Mesmo assim, a mão d’Ele sempre esteve lá.

Protegendo. Livrando. Esperando.
Como um pai paciente, vendo de longe o filho rebelde
e preparando o abraço antes mesmo da confissão.

Hoje, quando lembro de tudo isso, sinto vergonha
e também um constrangimento, por tamanho amor.
Porque eu penso: “quantas vezes dei motivos pra Deus desistir de mim…
e ainda assim, Ele não desistiu.”


Ele foi até o fundo da lama em que eu me encontrava,
acendeu luz onde só havia trevas,
e me chamou de volta pra casa.

E é por isso que eu escrevo.
Porque há pessoas que ainda estão lá,
presas nas mesmas sombras das quais Ele me tirou,
esperando a mesma mão que um dia me resgatou.

E se essa mensagem alcançar uma delas, já valeu tudo.

Reflexão Final
Lembrar do passado sem culpa
é reconhecer o poder da graça.
Não pra reviver a dor,
mas para testemunhar a fidelidade de um Deus que não desiste.

E se você ainda está neste lugar — preso(a) no lamaçal do pecado,
achando que já foi longe demais, que já errou demais,
que Deus não te aceitaria de volta — ouça isso: nunca é tarde.

Não importa o quão fundo você tenha caído,
o quão longe tenha ido, ou o que tenha feito.
Ele ainda é um Pai que está te esperando voltar pra casa.

“Se eu subir aos céus, lá estás;
se eu fizer a minha cama nas profundezas, também lá estás.
Se eu tomar as asas da alvorada e me deter nos confins dos mares,
ainda ali a tua mão me guiará e a tua destra me sustentará.”
— Salmos 139:8-10


A graça que me alcançou continua viva, estendida, aberta.
E o mesmo amor que me tirou da lama pode te tirar também
porque o que Deus faz por um, Ele faz por todos que dizem:
“Pai, eu errei, mas quero voltar para casa.”

“E, levantando-se, foi para seu pai;
e, quando ainda estava longe,
viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão,
e, correndo, lançou-se lhe ao pescoço e o beijou.”
— Lucas 15:20

Pamela Martins

“Cada testemunho compartilhado aqui conta um pouco de mim e muito de Deus.
Espero que aquilo que um dia me feriu, sirva de cura para quem ler, e que cada palavra escrita com dor, floresça em consolo, esperança e recomeço.”

Compartilhe essa postagem

Comentários que floresceram por aqui.

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments