Capítulo 27 — Tocar a Orla é escolher viver

“Entre saber sobre Deus e viver Deus, há um passo — um toque.”

Eu já passei por lugares onde a alma gritava por alívio,
mas o corpo parecia saber apenas sangrar.

Não era sangue literal — eram vazamentos de vida:
a alegria que escorria,
a esperança que se perdia,
a força que desaparecia sem explicação.

Eu sangrei por amor mal correspondido.
Eu sangrei tentando ser forte o tempo todo.
Eu sangrei com o peso de provar meu valor.
Eu sangrei porque eu estava tentando viver sem tocar.

Até que um dia — em uma ministração da Bruna Cordeiro, sobre o espírito,
no congresso de mulheres PVT 2025 — eu fui impactada.

E assim como a mulher do fluxo de sangue, eu entendi:
“Se eu apenas tocar na orla de Suas vestes, serei sarada.”
— Marcos 5:28

E o que mais me impactou é que.
aquela mulher foi pioneira na fé.
Ninguém antes dela tocou Jesus para ser curado.
Ela inaugurou uma nova forma de milagre.
Ela rompeu o que era dito “impossível”.
Ela atravessou multidões e vergonhas.
Ela colocou a fé (o espírito) para trabalhar no real.

“Mas para vós que temeis o Meu nome, nascerá o Sol da Justiça,
trazendo cura em Suas asas.”
— Malaquias 4:2

E ali eu percebi algo que nunca tinham me ensinado:
A palavra “asas”, nesse versículo que diz que o Sol da Justiça traria cura em suas asas,
é a mesma palavra usada para descrever a borda do manto.

Ou seja, a cura sempre esteve na orla.
Ela não criou um tipo novo de milagre.
Ela apenas tocou o que Deus já havia prometido muito antes dela existir.

A fé dela não foi louca.
Foi profética.

E eu chorei quando entendi essa parte:

A fé verdadeira sempre beira a loucura.
Porque fé de verdade não é polida: ela é desesperada, rasgada, urgente.

E Deus falou comigo:

“Você não precisa esperar estar pronta para ser restaurada,
nem perfeita para ser enviada. Toca. Agora. E Eu faço o resto.”

E naquele dia, aquilo que eu sabia virou aquilo que eu vivia.
A palavra deixou de ser LOGOS (conteúdo) e virou RHEMA (vida pulsante).

Outro momento marcante dessa ministração foi quando lemos:
“Por que está abatida, ó minha alma?”

Durante anos, eu lia esse versículo como quem lamenta:
triste, cansada, pedindo socorro.
Mas naquele congresso eu ouvi como ordem:

“Por que você está abatida, se Eu já te levantei tantas vezes?”
— Salmos 42

E caiu o peso da responsabilidade espiritual sobre mim:
Eu não posso viver como alguém que não conhece o Deus que me salvou.
Eu não posso falar de cura e continuar sangrando sem entregar.
Eu não posso dizer que confio, enquanto me agarro aos meus ídolos silenciosos:
o controle, a ansiedade, as pessoas, a validação.

Porque a vida restaurada tem pilares, mas também têm cruz.
E eu já sabia quais:
• Oração
• Jejum
• Palavra

Mas faltava o que eu evitava olhar de frente:
“Nada muda enquanto o velho homem não morre.”

E ela não fala sobre ser perfeita.
Mas sobre se despir.

“Despojai-vos do velho homem… e renovai-vos no espírito.”
— Efésios 4:22-24

Se eu quero viver o novo,
eu preciso deixar morrer o que eu insisto em proteger.

Motivações erradas.
Orgulho travestido de força.
Carência fantasiada de entrega.
Ídolos disfarçados de “necessidades”.

Sim, ídolos.
Tudo o que toma o lugar de Deus em mim — é ídolo.
Até pessoas.
Até sonhos.
Até o docinho que eu não deixo de comer após o almoço.
Até as redes sociais que “são apenas pra distrair e relaxar”.

E Deus não nos chamou para sobreviver.
Ele nos chamou para ser referência.
Não referência de performance.
Mas referência de presença.

Referência de mulher que ama.
Que serve.
Que perdoa.
Que decide não desistir de Deus
mesmo quando Deus parece demorar.

Porque mulheres notáveis não nascem, são formadas.
No secreto.
No choro.
No jejum.
Na renúncia silenciosa que ninguém aplaude.

Então que hoje, juntas, possamos fazer uma oração simples — mas completa:

“Cria em mim, Senhor, um coração puro.
E renova em mim um espírito firme, inabalável, apaixonado.
Que eu seja mulher que toca a orla — não por desespero,
mas por certeza de quem Tu és.
Que eu inaugure milagres na minha geração.
Que eu rompa ciclos que aprisionaram as mulheres da minha família.
Que a minha fé seja loucura para o mundo e verdade para o Céu.
Que o toque se torne caminho.
Que o caminho se torne testemunho.
E que no testemunho, floresça tudo aquilo que o Senhor já sonhou para nós.
Amém!”

E que no silêncio depois dessa entrega,
nós possamos ouvir a voz Dele dizendo
não para a multidão, não para a igreja inteira,
mas para nós, pelo nome:

“Filha, a tua fé te salvou; vai em paz.”
— Marcos 5:34

E para quando a coragem vacilar,
quando o impossível parecer grande demais,
que Ele nos traga a memória a resiliência da mulher Cananeia,
que não desistiu até ser ouvida:

“Ó mulher, grande é a tua fé!
Seja isso feito para contigo como queres.”
— Mateus 15:28


Porque Ele não apenas nos vê.
Ele nos chama.
Ele nos afirma.
Ele nos envia.

Pamela Martins

“Cada testemunho compartilhado aqui conta um pouco de mim e muito de Deus.
Espero que aquilo que um dia me feriu, sirva de cura para quem ler, e que cada palavra escrita com dor, floresça em consolo, esperança e recomeço.”

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Comentários que floresceram por aqui.

5 Comentários
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Cristiane
1 mês atrás

Simplesmente encontrei as Palavras que traduzem exatamente o que eu senti nessa ministração… Obrigada por compartilhar com tanta
Clareza, lucidez e fé… amo sua escrita! Amo sua vida !

Bruna Cordeiro
1 mês atrás

Como fui tocada por suas palavras, Pamela! Continue sendo essa voz que ecoa o Reino com clareza, firmeza e suavidade. Seja o que Deus te chamou para ser!

Cristiane
1 mês atrás

Lindo….