Capítulo 38 — Quando olhar para trás vira prisão

“Há vitórias que se tornam algemas quando Deus já te chamou para o novo.”

“E a mulher de Ló olhou para trás, e ficou convertida numa estátua de sal.”
— Gênesis 19:26

Por muito tempo, eu também olhei para trás.
Não era Sodoma, mas eram os lugares onde eu já tinha vencido.
Os aplausos de ontem, as vitórias antigas,
as versões de mim que já haviam cumprido seu propósito.

Eu já sentava numa cadeira nova,
mas meu coração ainda morava na antiga.
Era como se o passado ainda tivesse o poder de me definir.

No comercial, a gente brinca que o troféu é de gelo — derrete no dia seguinte.
Mas por dentro, eu insistia em guardá-lo no congelador.
E Deus, com a paciência de um Pai, me dizia:

“Filha, não dá pra receber o novo se você ainda adora o velho.”

Foi aí que entendi: a mulher de Ló não virou sal por desobediência apenas
mas porque olhou para trás com saudade do que Deus já havia libertado.

E quantas vezes eu fiz o mesmo…
Saudade de uma fase, de um cargo,
de um relacionamento, de um aplauso.
Saudade de quem eu era,
quando Deus já estava me refazendo pra algo maior.

“Ninguém põe vinho novo em odres velhos, porque o vinho novo rompe o odre.”
— Marcos 2:22

O odre velho, pra mim, eram meus hábitos antigos.
Meu medo de errar.
Meu vício em validação.
Minha necessidade de ouvir dos outros
o que Deus já tinha me dito no secreto:

“Você é suficiente.”

Eu queria ser reconhecida, elogiada, lembrada
não só no trabalho, mas na vida.
Eu queria que alguém dissesse:
“Você é boa, você é importante, eu me lembro do que você fez.”

Mas aprendi que quando o coração busca ser lembrado por homens,
ele se esquece de que já é lembrado por Deus.

Porque foi isso que José viveu — e o ladrão da cruz também.

“Lembra-te de mim…”
— Gênesis 40:14 / Lucas 23:42

José pediu ao copeiro que se lembrasse dele — e foi esquecido por dois anos.
O ladrão pediu a Jesus que o lembrasse — e foi lembrado no mesmo dia.
Um confiou na lembrança humana e esperou na prisão.
O outro confiou na lembrança divina e encontrou o Paraíso.

E eu precisei aprender isso também:
É melhor esperar o tempo de Deus do que a bondade dos homens.
Porque os lugares que pisamos por influência humana
jamais se comparam aos que Deus nos leva pela vontade d’Ele.

Hoje eu entendo que romper não é rejeitar o passado
é colocá-lo no lugar certo: como aprendizado, não como endereço.


Eu não sou mais a melhor vendedora do time ou a especialista — sou uma líder em construção
mas também não sou mais a mulher que buscava aprovação em amores que me diminuíam,
em amizades que me drenavam, em fases que já se encerraram.
Eu sou a mulher que Deus está formando, camada por camada,
em cada estação da vida — profissional, emocional, espiritual.
E a cada dia Ele me ensina a olhar pra frente,
mesmo quando a saudade tenta puxar de volta.

O novo de Deus exige desprendimento.
E a obediência, às vezes, dói mais que o apego.

Mas é nessa dor que o odre velho se rompe 
e o vinho novo começa a jorrar.

Reflexão Final
Se você também tem olhado pra trás 
pro que perdeu, pro que já foi, pro que te aplaudia — lembre-se:
Deus não se move em direção contrária.
Ele não repete o passado, Ele redime.
E às vezes o maior milagre não é ser lembrado, é ser renovado.

“Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas.
Eis que faço uma coisa nova; agora está saindo à luz; porventura não a percebeis?”
— Isaías 43:18-19

Pamela Martins

“Cada testemunho compartilhado aqui conta um pouco de mim e muito de Deus.
Espero que aquilo que um dia me feriu, sirva de cura para quem ler, e que cada palavra escrita com dor, floresça em consolo, esperança e recomeço.”

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