Capítulo 41 — Quando ser Mãe não nasce pronto

“Porque há mães que Deus faz nascer enquanto ensina o amor d’Ele.”

Nem toda mulher nasce mãe.
Algumas são chamadas à maternidade antes mesmo de entenderem o que isso significa.
E, às vezes, Deus confia a missão justamente àquelas que se acham menos preparadas.

A maternidade não chegou pra mim com laços de fita,
veio com ventos, cansaço e perguntas.
Veio quando a vida parecia um improviso.
Eu não planejei, não sonhei, não me senti pronta.
Mas Deus já me via mãe, mesmo quando eu ainda me via menina.

Engravidei da Duda aos 19.
Fui mãe solteira aos 20.
E a vida, que já era difícil, se tornou uma maratona de fé.
Não porque ela fosse um peso, mas porque o amor também pode ser exigente.
Deus sabia que seria pesado — e mesmo assim me escolheu.

Os dias eram duros.
Pais separados. Casa apertada.
Desemprego. Faculdade.
Faltava dinheiro, mas nunca faltou propósito.
E quando eu achava que estava sozinha, Deus estava lá
entre um exame que eu não conseguia fazer e uma oração sussurrada no escuro.
Foi Ele quem segurou o meu medo quando a Duda nasceu e precisou ficar no CTI.
Foram 21 dias em que o tempo parou — e a fé precisou andar sozinha.
Hoje eu sei: o silêncio d’Ele não era ausência.
Era cuidado que eu ainda não entendia.

Anos depois, quando a Mel chegou, achei que seria diferente.
Acreditei que agora sim eu saberia como ser mãe.
Mas Deus, paciente, sabia que ainda havia mais pra curar.
A depressão pós-parto veio como uma sombra e, mais uma vez, me fez duvidar.
Diziam que quando nasce um filho, nasce uma mãe.
Mas comigo, nasceu uma luta — entre o amor e o medo, entre o instinto e a culpa.
E ainda assim, Ele estava ali, ensinando que maternidade não é dom, é dependência.

Foi no deserto do divórcio que entendi:
Não fui eu que ensinei minhas filhas a viver
foram elas que me ensinaram a permanecer.

Nos dias em que eu quis desistir,
Deus usou os olhos delas pra me lembrar por que eu ainda estava aqui.
E foi ali que eu percebi: enquanto eu achava que segurava minhas filhas,
era Deus quem me segurava por elas.

A maternidade não nasceu pronta em mim, 
foi Deus quem a construiu, tijolo por tijolo, lágrima por lágrima.
E Eu precisei olhar pra trás e entender de onde vinha a minha forma de amar.
Minha mãe também foi mãe jovem.
E fez o melhor que pôde, com o que tinha, no tempo que tinha.
Ela também foi escola — e espelho.
E um dia, Deus me mostrou que quebrar ciclos não é rejeitar a história, é redimi-la com amor.

Hoje, quando olho pra Duda e pra Mel, vejo o milagre da paciência divina.
Vejo o reflexo de um Deus que me reensinou a ser filha pra que eu pudesse aprender a ser mãe.
E percebo que, mais do que um chamado, a maternidade foi o altar onde Ele decidiu me refazer.

Porque o inimigo tenta atingir as mães,
sabendo que ao ferir uma, pode silenciar gerações.
Mas Deus tem um contra-ataque:
Ele cura a mãe para salvar as filhas.
E foi isso que Ele fez comigo.

Hoje, entendo que ser mãe não é sobre fazer tudo certo,
mas sobre permitir que Deus esteja em tudo.
Não é sobre o quanto eu dou, mas o quanto eu estou presente.
Não é sobre controlar, é sobre confiar.
Não é sobre ser suficiente, é sobre depender.

E se tem algo que aprendi, é que Deus não chama mães perfeitas
— Ele chama mães dispostas.
E enquanto Ele nos ensina o amor d’Ele,
nós aprendemos o que é ser mãe de verdade:
chorando, rindo, orando e recomeçando.

Reflexão Final
A maternidade é um espelho onde Deus reflete Seu amor com traços humanos.
É no colo d’Ele que aprendemos a oferecer colo.
É na paciência d’Ele que aprendemos a esperar.
E é no perdão d’Ele que aprendemos a recomeçar, todos os dias.

“Como alguém a quem sua mãe consola,
assim eu os consolarei.”
— Isaías 66:13

“Os filhos são herança do Senhor,
uma recompensa que Ele dá.”
— Salmos 127:3

“Senhor, obrigada por todas as mães que o Senhor tem formado
nas lágrimas, nas lutas, nas vitórias silenciosas.
Obrigada porque mesmo quando nos achamos pequenas,
o Teu amor nos torna gigantes.
Obrigada pelos filhos que o Senhor nos confiou
Cada um deles é uma parte da Tua promessa em forma de gente.
Que toda mãe encontre descanso em Ti,
força nas Tuas mãos e consolo no Teu olhar.
Que o Teu Espírito preencha os vazios que a culpa deixou,
e que o Teu amor ensine a cada uma de nós que não é preciso nascer pronta
é preciso nascer em Ti.
Que sejamos mães que oram, que esperam, que perdoam,
e que levantam filhos que Te conheçam.
E que, no fim, nossas cicatrizes contem a história do Teu cuidado.”
Amém! 

Pamela Martins

“Cada testemunho compartilhado aqui conta um pouco de mim e muito de Deus.
Espero que aquilo que um dia me feriu, sirva de cura para quem ler, e que cada palavra escrita com dor, floresça em consolo, esperança e recomeço.”

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