Capítulo 66 – O óleo que nasceu das minhas feridas

“Ele não me poupou da dor — Ele me ensinou a caminhar depois dela.”

Se eu pudesse resumir o que Deus fez na minha vida, eu diria que Ele não me poupou da dor.
Ele me permitiu sentir cada rasgo, cada silêncio, cada madrugada de choro onde a alma gritava por socorro. Mas também foi Ele quem me ensinou a caminhar depois da dor, quando o chão ainda tremia, quando o peito ainda ardia, quando sobreviver parecia improvável.
Ele me pegou pela mão e me mostrou que a queda não define, mas a mão que nos levanta, sim.

E durante muito tempo eu achei que amor de Pai era sinônimo de livramento constante.
Um roteiro sem tempestades, noites sem lágrimas.
Mas Deus decidiu escrever uma história diferente pra mim: Ele me deixou conhecer a dor 
Para que eu pudesse conhecer a cura que só nasce das mãos d’Ele.

“Pois é Ele quem faz a ferida e Ele mesmo a trata;
Ele fere, mas com Suas próprias mãos pode curar.”
— Jó 5:18

E a minha dor se tornou testemunho — não porque eu sou forte, mas porque Ele foi fiel.
As cicatrizes que carreguei como lembranças de guerra se tornaram credenciais da graça Dele.
O sangue que eu derramei um dia, hoje é o óleo que Ele usa para tocar quem ainda sangra, porque o próprio Deus passou comigo naquele vale.

“Mas Eu lhe darei saúde novamente e curarei as suas feridas.
Assim diz o Senhor.”
— Jeremias 30:17

Mas houve momentos em que eu acreditei que minhas feridas eram definitivas.
Até que Deus me mostrou que estavam em processo.
As dores que eu quis evitar foram as mesmas com que Ele escolheu me transformar.
E quando eu achava que estava sendo quebrada, Ele estava apenas moldando o vaso.

“Não causarei dor sem permitir que nasça algo novo.”
— Isaías 66:9

E hoje eu entendo: A dor não foi castigo — foi parto.
E o que nasceu foi a mulher que Deus sempre viu.

Cada lágrima parecia anunciar um fim, mas Ele recolhia uma por uma como sementes de recomeço.

Porque…
“Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima…
pois as coisas antigas já passaram.”
— Apocalipse 21:4

E hoje eu posso ver que as lágrimas que eu derramei Ele transformou em águas que hoje regam o ministério de cuidado que nasceu d’Ele em mim.
O que um dia doeu, Ele fez virar ferramenta de consolo.

E houve dias em que minha fé desmaiou.
Mas Ele permaneceu.
Ficou perto quando a esperança já tinha ido embora.

Porque…
“Ele fica perto dos que estão desanimados
e salva os que perderam a esperança.”
— Salmos 34:18

Mas Deus não tirou o vale da minha história — Ele entrou comigo nele.
E quando a dor achou que tinha vencido, foi Ele quem me levantou como testemunho vivo de que o inferno não tem a última palavra.

Hoje, quando olho para trás, entendo que a ferida virou envio.
A lágrima virou autoridade espiritual.
O fracasso virou altar.
Nada disso veio de mim — tudo veio d’Ele.

Eu não sou sobrevivente pela força que tive
Sou sobrevivente pela graça que recebi.
Se hoje alguma cura passa pela minha vida, é porque Ele cura.
Se alguma esperança floresce, é porque Ele soprou vida.
Se alguma mulher encontra descanso no meu abraço,
é porque Ele me consolou primeiro.

E eu ainda lembro onde doeu…
mas hoje sou a prova viva do que Ele cura.

E, com esse coração marcado e restaurado, eu só posso encerrar com uma oração:

“Senhor, obrigada por não ter desistido de mim quando eu quis desistir.
Obrigada por transformar minhas feridas em testemunho,
minhas lágrimas em caminho de cura e meu vale em lugar de encontro contigo.
Se ainda há dor escondida, trata com Tuas próprias mãos.
Se ainda há medo, ensina-me a caminhar pela fé.
Que todo consolo que um dia recebi das Tuas mãos transborde em mim para alcançar quem ainda luta para sobreviver.
Que aquilo um dia me rasgou, hoje me envie para cuidar com Teu amor.
E que cada cicatriz do meu corpo e da minha alma seja uma placa dizendo:
Aqui, Deus já curou. Amém!”

“Ele cura os de coração quebrantado
e trata das suas feridas.”
— Salmos 147:3

Pamela Martins

“Cada testemunho compartilhado aqui conta um pouco de mim e muito de Deus.
Espero que aquilo que um dia me feriu, sirva de cura para quem ler, e que cada palavra escrita com dor, floresça em consolo, esperança e recomeço.”

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