Capítulo 68 — Quando Deus me ensinou a fechar frestas

“Guardar o coração também é dizer “não” ao que já foi bom.”

Recentemente, pessoas do meu passado começaram a voltar — mais do que eu esperava.
Gente que eu tinha bloqueado, páginas que eu tinha fechado, histórias que pareciam encerradas.

Até que, de repente, reapareceram como se o tempo tivesse voltado uns capítulos.
E eu, que já vivi tantas recaídas, soube na mesma hora que aquilo não era coincidência: era teste.

Porque por muito tempo, eu fui a mulher que dizia “sim” para não decepcionar.
“Sim” para ser aceita.
“Sim” para caber.
“Sim” mesmo quando aquilo destruía os meus princípios e me afastava de quem eu sou em Deus.

Mas crescer em Cristo é aprender que amor não é condescendência — é posicionamento.
É escolher a Luz mesmo quando as trevas chegam com uma maquiagem bonita e um discurso convincente.

E a Bíblia alerta — sem rodeios — sobre quem troca os sinais:

“Ai dos que chamam o mal de bem e o bem de mal, que fazem das trevas luz e da luz trevas, e do amargo doce e do doce amargo.” — Isaías 5:20

E esse alerta veio ao meu encontro como se fosse um aviso em letras garrafais:
“Não negocie aquilo que Deus já transformou em você.”

Porque as trevas nunca voltam com rosto de trevas.
Elas voltam como doce nostalgia.
Como conversa “inocente”.
Como convite disfarçado de cuidado.
Como porta que parecia fechada, mas ainda estava entreaberta.

E quando a porta entreabre… o teste começa.

Foi aí que Deus me trouxe à memória as palavras de Jesus:

“Eu sou a luz do mundo. Quem me segue nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida.” — João 8:12

Seguir a Luz significa não seguir o que um dia nos apagou.
Significa não retroceder só porque o coração lembrou do caminho.
Significa olhar firme para frente, mesmo quando o passado tenta te seduzir de volta.

E, naquele dia, eu precisei responder com coragem:
“Não. Eu não sou mais essa mulher.”
E doeu.
Doeu porque eu ainda queria ser gentil.
Ainda queria que ninguém me achasse dura, fria ou ingrata.

Mas Deus sussurrou:
“Ser sal da terra é sobre poder fazer tudo, mas escolher o que não te afasta de Deus.”

Foi então que entendi:
Quando o passado volta, não é porque ele mudou.
É porque você mudou — e o Céu quer ver se a mudança criou raiz.
É como se Deus perguntasse:
“Filha, vamos ver se suas raízes já estão firmes para sustentar os frutos que eu tenho pra você.”

Então a vida examinou o meu coração.
E, pela primeira vez, ele não cedeu ao aplauso fácil.
Nem caiu nas armadilhas antigas.
Ele escolheu a paz no lugar da aprovação.
Ele escolheu a obediência no lugar da carência.

E a Palavra que amarrou tudo dentro de mim foi essa:

“Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele procedem as fontes da vida.”
— Provérbios 4:23

Porque guardar o coração não é trancá-lo — é controlar quem entra.
É blindar a mente contra pensamentos que tentam deturpar a verdade.
É fechar as portas que Deus mandou fechar, mesmo que pareçam ainda ter beleza.

E eu percebi que dizer “não” é um ato de fé.
Que desapontar alguém pode ser o único caminho para não desapontar o céu.
E que viver em Cristo não é sobre o que posso fazer,
mas sobre o que escolho não fazer para continuar no centro da vontade de Deus.

Hoje eu sei:
A santidade não se manifesta na hora do culto…
Se manifesta na hora da tentação.
Não é quando todos veem a sua fé…
É quando ninguém veria a sua queda.

E eu sei que não sou perfeita.
Mas sou uma mulher que aprendeu a fechar portas entreabertas.
E isso é graça.
É maturidade.
É luz vencendo as frestas.

E talvez você também tenha recebido visitas indesejadas do passado.
Talvez alguém reapareceu com perfume de saudade…
Ou um hábito antigo voltou a te acenar como um velho amigo.

Mas me escuta com carinho:
Se Deus te curou de algo, o inferno vai tentar te oferecer uma recaída camuflada de abraço.

Por isso, antes de abrir a porta, pergunte ao seu coração:
“Essa pessoa me leva pra Luz ou para as sombras disfarçadas?”

Se a resposta pesar…
Se o peito apertar…
Se a paz não vier…
Então o teste não é “sobre o outro”.
É sobre você.

Não troque sua luz por migalhas emocionais.
Não gaste sua cura para reviver aquilo que te feriu.
Não deixe o medo de decepcionar alguém te afastar do único que te salvou.

Hoje, mais do que nunca, o céu te chama para vigiar as frestas.
Portas entreabertas são convites para quedas já conhecidas.
E você não foi feita para cair no mesmo buraco duas vezes:
Foi feita para brilhar onde antes só havia trevas.

Por isso, eu quero te convidar a repetir essa oração comigo:

“Senhor, guarda o meu coração quando as memórias ficarem doces demais.
Fortalece os meus “nãos” quando eles forem o único caminho para honrar o Teu “sim” sobre a minha vida.
Que eu seja sal com graça, e luz com limites.
Que nenhuma porta que o Senhor fechou volte a ser entrada das trevas.
E que a minha obediência brilhe mais do que a minha vontade.
Em nome de Jesus, amém.”

E por fim, que possamos sempre nos lembrar do que Cristo espera de nós…

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente…”
— Romanos 12:2

Pamela Martins

“Cada testemunho compartilhado aqui conta um pouco de mim e muito de Deus.
Espero que aquilo que um dia me feriu, sirva de cura para quem ler, e que cada palavra escrita com dor, floresça em consolo, esperança e recomeço.”

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