Capítulo 69 — Você NÃO precisa acreditar em Deus para Ele acreditar em você

“Porque a fidelidade d’Ele não depende da minha constância.”

Uma das coisas mais profundas que eu aprendi nessa caminhada é que eu não precisava acreditar em Deus para Ele acreditar em mim.
E essa verdade me desmonta toda vez, porque revela um amor que não depende da minha lembrança, da minha maturidade ou da minha fé. Ele simplesmente continua sendo Deus… mesmo quando eu não sou nada.

Houve fases da minha vida em que eu simplesmente esqueci de Deus.
Não por rebeldia declarada, mas por um cansaço emocional que anestesiou a minha alma.
Vivi como se Ele não existisse, como se eu fosse suficiente, como se meus caminhos dependessem apenas da minha força limitada. E ainda assim… Ele acreditou em mim.

Eu me apoiei em pessoas, em desejos, em urgências do coração.
Me enchi de decisões carnais, escolhas apressadas, rotas que eu mesma inventei.
E ainda assim… Ele não me abandonou.
Ele cobriu o que eu não sabia curar, protegeu o que eu não sabia guardar e cuidou de mim muito além do que eu merecia.

Porque, muitas vezes, eu vivi do meu jeito, achando que sabia o caminho, achando que minhas vitórias eram mérito e minhas dores eram castigo. Como se Deus fosse um juiz distante, e não um Pai presente.

E foi nesse lugar torto da minha própria ignorância espiritual que a Palavra finalmente fez sentido, não como doutrina, mas como sobrevivência:

“Perdoaste a iniquidade do teu povo; cobriste todos os seus pecados.”
— Salmos 85:2

Eu vivi longe… mas Ele me cobriu perto.
Eu me esqueci… mas Ele não me devolveu o esquecimento.
Eu me perdi… e Ele continuou me chamando pelo nome.

Foi então que eu compreendi que a graça não depende do meu entendimento.
Ela não espera eu amadurecer para agir.
Ela não pede permissão pra me encontrar.
Ela apenas me alcança, exatamente onde eu estou, exatamente como eu estou.

E olhando pra trás, hoje eu vejo o traço da misericórdia costurado em tudo aquilo que eu sobrevivi.
As portas que Ele fechou quando eu insistia em ficar.
As dores que Ele permitiu quando eu não queria enxergar.
Os desvios que me feriram na hora, mas me salvaram depois.
E os detalhes que Ele organizou com um zelo que só um Pai pode ter.

Ele acreditou em mim quando eu não acreditava Nele.
E quando essa consciência finalmente me encontrou, ela me levantou de um jeito que força humana nenhuma é capaz de fazer.

Hoje eu caminho sem medo.
Não porque eu sou forte, mas porque eu sou guiada.
Eu caminho com esperança.
Não porque eu mereça, mas porque Ele nunca desistiu daquilo que Ele mesmo plantou em mim.

E se hoje eu escrevo, é porque Ele me trouxe até aqui.
Porque Ele me esperou no meu próprio deserto.
Porque Ele me amou até quando eu não sabia amar direito.

Eu sou testemunho vivo da graça que me encontrou antes que eu a buscasse.

“Mesmo que meu pai e minha mãe me abandonem, o Senhor cuidará de mim.”
— Salmo 27:10

Pamela Martins

“Cada testemunho compartilhado aqui conta um pouco de mim e muito de Deus.
Espero que aquilo que um dia me feriu, sirva de cura para quem ler, e que cada palavra escrita com dor, floresça em consolo, esperança e recomeço.”

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